sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Capítulo 5 - Mamãe.


-"O corpo de um estudante da faculdade Albert Einstein foi encontrado hoje pela manhã caído em uma calçada. Ele estava com as mãos amarradas. Próximo ao seu corpo uma cadeira e cordas. Acredita-se que ele fora amarrado e atirado do alto do prédio ao lado dele."
-" Meu filho era um jovem estudioso, trabalhava o dia inteiro. A justiça tem que ser feita." - Disse a mãe do jovem Eduardo, dona Célia a respeito do que aconteceu na madrugada.

Desliga-se a TV.

-"Isso foi acerto de contas."
-"Você tem razão disso chefe?"
-"Só pode. Ainda mais pela forma que ele foi assassinado. Isto deve ter uma ligação com algum político forte" - Disse Figueira à seu assistente.
-"Nós vamos lá investigar, chefe?"
-"Por enquanto não, vamos esperar até a policia mandar o relatório da morte dele." - Encerrou Figueira, o assunto.

-"Com a morte deste garoto, uma mãe perde um filho, uma família perde um ente querido. Mas a culpa não é minha se ele escolheu este caminho. E isso foi apenas um aviso. Recado. Alerta. Eu vou acabar com cada um que faz mal a esta cidade."

-"Este sangue já virou uma mancha, o que dá a entender que ele morreu já faz muitas horas, acredito eu que fora próximo à meia noite. Anote isso, Charles."
-"Sim chefe, estou anotando tudo".
-"Não podemos esquecer também, que temos alguém para culpar com esse caso. Mas não podemos afirmar nada ainda."

Da janela de meu prédio eu vejo fumaça negra ao longe. Ligo a televisão para ver se há algo no noticiário.
-"O incêndio começou a poucos instantes aqui nesse restaurante, acredita-se que fora acidental. Uma explosão interna foi a causa do incêndio. Os bombeiros estão tentando controlar as terríveis chamas que tomam todo o estabelecimento. Por sorte haviam apenas os funcionários que já estão se retirando do restaurante. Ninguém se feriu gravemente até agora...como é? Uma criança e sua mãe ficaram trancados lá dentro?"

Uma criança e sua mãe.....

-"Nick, Nick, vem filho, vem. Ta na hora de irmos pra casa. Vamos pegar o trem que é mais barato..."
A criança brincava na areia da praça.
-"Você já tem dez anos e não pode mais passar de graça na roleta dos ônibus..."
-"Hoje o metrô esta um tanto vazio, talvez seja o horário. E você já está bem pesadinho para ficar te carregando no colo não acha?"
A mulher desce a criança do colo, que sorri para sua mãe.
-"Eu te amo mamãe..."

-"Tenho que fazer alguma coisa..."
Pulo a janela da cozinha em direção a varanda, salto para o prédio mais próximo. Desço a escada de emergência. O restaurante é a três quadras daqui, eu preciso ser rápido. Por sorte, depois do incidente no centro da cidade, e já que não tenho mais um emprego, já estou preparado para qualquer situação. Coloco meu capuz e vou em direção aos fundos do prédio. Estou quase lá. entro pela porta dos fundos do restaurante, começo a vasculhar onde eles podem estar. As chamas são tantas, mal consigo enxergar, a fumaça é intoxicante e me faz faltar o ar.

-"Mamãe, não me deixa mamãe...por favor,não me deixa."

Ouço a voz de uma criança...

Vasculho e vasculho mais ainda. Próximo ao banheiro, uma porta caída sobre uma mulher,a criança ao seu lado com escoriações pelo rosto e vermelhidão nos braços, provavelmente devido às queimaduras.
-"Ei garoto, garoto."
Ele chora com tudo isso, vejo os bombeiros tentando entrar no restaurante, há algo bloqueando a entrada.
-"Venha, eu vou lhe salvar"
-"Minha mamãe, salva ela também."
-"Venha comigo, vou tirar os dois daqui de dentro.
Faço força para retirar a porta de cima da mãe do menino, mas percebo que há algo mais sobre ela. Um pilar de concreto caíra sobre a porta e está fazendo com que ela não se mecha. Preciso agir rápido, eles tem pouco tempo. Havia uma corda de mais ou menos uns dois metros de cumprimento ali perto, enrolada num gancho na parede do restaurante. Pego-a e amarro na no pilar. Utilizo outro pilar do estabelecimento para fazer uma alavanca. Consigo mante-la firme.
-"Tente retirar sua mãe dai de baixo, rápido."
Enquanto o menino tenta com muito esforço retirar sua mãe debaixo da porta, encontro forças e fôlego no meio das chamas para retirar o pilar de concreto que está sobre a mulher. Consigo amarrar em uma viga que está exposta. Volto em direção a criança e salvo sua mãe. A porta da frente ainda está trancada. Carrego a mãe do menino em direção a entrada. Removo o que a trancava e arrombo a porta. Agarro a mulher em meus braços
-"Vai, agora."
Uma ordem para o garoto.  Do meio da fumaça que é intensa, eu entrego a mulher a um bombeiro. Ele mal me enxerga. Corro para longe, dobro a esquina. Ninguém me viu. Lanço-me em direção a uma escada de emergência num prédio próximo. Corro em direção à minha casa.

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