terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Capítulo 2 - Herói à luz do dia.


O dia está nascendo mais uma vez, estou acordando agora. São sete horas, preciso trabalhar. Mas não da mesma forma que ontem, e sim, no meu verdadeiro emprego. Preciso me arrumar, terei um longo dia. Ao menos que nada de bom aconteça, sim, exatamente nada de bom. Este emprego é uma droga, eu mal consigo me sustentar com ele, e o pior de tudo é que não consigo nada melhor, por mais que eu tente...
Estou a caminho do meu serviço,  a cidade para variar um pouco está imunda, cheia de lixo pelo chão, é como se não houvesse ninguém que se importe com a aparência do local onde vivem.
-"Olá chefe, cheguei" - falei alto pois meu patrão fica o dia inteiro na sala dele, trancado.
-"Está atrasado dez minutos, vou descontar isso do seu salário!" - Gritou meu chefe.
-"E eu de certo tenho muito salário para ser descontado dez minutos" - murmurei.
O telefone toca. Retiro do gancho e atendo.
-"Olá, estou precisando que busque uma encomenda, no seguinte endereço". Enquanto ele me dizia o local para onde ir, observava o lado de fora da loja. Um mendigo ali estava, aparentemente embriagado, cambaleava e murmurava palavras sem sentido.
-"É só isso?" - Perguntei ao homem do telefone.
-"Sim, apenas isso, tchau."
Recoloco o telefone no gancho, pego o capacete, as chaves da moto e vou para primeira entrega do dia. Ainda bem que apareceu algo cedo, não gosto de passar muito tempo dentro desse muquifo no qual trabalho.

O trânsito está agitado hoje, mas nada que esteja fora do comum. Além de suja e podre, essa cidade ainda por cima é uma loucura no trânsito em praticamente todos os horários.
O sinal fecha, paro e aguardo o cruzamento passar.  Percebo uma senhora caminhando na calçada, bolsa pendurada, muito elegante por sinal. Vestido longo e maquiagem no rosto faziam parte de sua característica naquele dia. Mais atrás, um andarilho, um tanto agitado começa a segui-la. Meu instinto grita dentro de minha cabeça. O sinal ainda está fechado e o individuo continua a segui-la, porém agora está mais próximo do que antes. Certamente ela nem o notara, já que são tantas as pessoas que passam ali agora que ela nem se quer percebeu estar sendo acompanhada. Ele avança, vorazmente em direção a senhora agarrando-lhe a bolsa. Ela grita por socorro e tenta reagir mas ele lhe mostra uma pistola, e as pessoas que estavam a sua volta dispersaram-se. 
Ela fica sem saber o que fazer e deixa ser roubada. É perigoso eu tentar fazer algo, não estou com meu colete a prova de balas. Mas meu instinto não permite que eu fique parado. Arranco com a moto, uma manobra brusca me salva de quase ser atropelado, somente escuto a buzina de um carro passando a poucos centímetros atrás de mim. Acelero para alcançar o meliante que corria muito de pressa. Estou bem próximo dele, dou um salto. A moto descontrolada acaba atingindo um poste. Por reflexo ele olha pra trás, seu semblante assustado com olhos avermelhados me indica o que ele fazia antes de roubar a bolsa daquela senhora. 
Rolamos no chão e ele acaba perdendo tanto bolsa quanto pistola. Dou dois socos de direita, agarro-o pela gola e lhe ataco com um cruzado de esquerda. Ele desmaia, olho para os lados e vejo pessoas assustadas. Não posso ficar e perder tempo aqui parado, saio correndo e me perco no meio dos becos, lanço o capacete em qualquer canto e procuro o caminho de volta para casa. Isso já é o suficiente por hoje.




-Deixem um comentário sobre o capítulo. Obrigado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário